Educação para tempos de emergência: Preparando jovens refugiados para o futuro

Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), realiza em Roraima de 07 a 10 de março um programa para equipar professores e monitores especialmente para atender jovens e crianças refugiados.

Boa Vista (RR), 06 de março de 2019 – Com mais de 30.000 refugiados venezuelanos já acolhidos no Brasil, e com a crise no país vizinho sinalizando que esse número pode crescer de forma significativa, entra em cena a chamada Pedagogia de Emergência: treinamento para aqueles que vão educar jovens e crianças refugiados, para que estes possam enfrentar as perdas emocionais e materiais sofridas e encarar o futuro depois do caos que fez com que cruzassem a fronteira.

O programa, intitulado “Educação em Tempos de Emergência”, faz parte das atividades que a FFHI desenvolve em Roraima desde 2016 e vai receber convidados de diversas agências e organizações que participam da resposta humanitária de emergência no estado. O objetivo é o fortalecimento técnico de educadores, brasileiros e venezuelanos, que trabalham diretamente em abrigos para refugiados.

“Temos demanda para muitos recortes sociais no Brasil, além dos irmãos venezuelanos”, relata Reinaldo Nascimento, psicopedagogo,pioneiro na implementação da Pedagogia da Emergência e colaborador voluntário da FFHI. É no âmbito dos desafios encontrados nos abrigos de refugiados que acontece a programação do “Educação em Tempos de Emergência”.

Nascimento completa: “Desastres como o que vimos recentemente em Brumadinho e em 2011, em Nova Friburgo, RJ, são exemplos onde além dos refugiados, é preciso ter equipes treinadas para resgatar a infância perdida por crianças que sobreviveram a essas situações”.

Uma crise global

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 70 milhões de pessoas estão em deslocamento no planeta, em uma onda migratória só comparável à da 2ª Guerra Mundial, na década de 1940. Desse total, quase a metade, ou cerca de 30 milhões, é de crianças e jovens em idade escolar.

Além das necessidades básicas de sobrevivência, é essencial educar essas crianças, mesmo alojadas em acampamentos provisórios como ocorre em Roraima. A Pedagogia de Emergência já foi utilizada com crianças, jovens, educadores e pais afetados por catástrofes naturais como terremotos, tsunamis, furacões e deslizamentos em países como China, Indonésia, Haiti, Japão, Filipinas, Bósnia e Equador. Regiões afetadas por conflitos armados, como a Faixa do Gaza, Líbano, Quirguistão, Curdistão e Iraque também já receberam programas desse tipo.

As crianças impactadas exibem sintomas de medo, pânico, distúrbios do sono, problemas na alimentação, no relacionamento e desenvolvimento pessoal. No Brasil, desastres relacionados a chuvas e estiagens prolongadas, além de problemas gerados pela desigualdade social e a violência doméstica contra jovens e crianças, vêm produzindo os mesmos sintomas em números crescentes. Os programas existentes não conseguem atingir todos os jovens  que necessitam de atenção e acabam restritos a organizações sociais.

SERVIÇO
Agenda do programa “Educação para Tempos de Emergência”

5ª feira – 07/março – Abrigo Nova Canaã, Boa Vista
Para equipes dos abrigos de Nova Canaã, Jardim Floresta, Pintolândia e Centro de Acolhimento da Fraternidade Sem Fronteiras
09:00 às 12:00 hs – Psicotraumatologia e Pedagogia de Emergência / 2 Oficinas
14:00 às 18:00 hs – Escola Como Local Seguro (Pedagogia do Trauma)
Cuidando dos Cuidadores
2 Oficinas
Plenária de Encerramento

6ª feira – 08/março – Abrigo Rondon 2, Boa Vista
Para equipes dos abrigos São Vicente, Rondons 1, 2 e 3
09:00 às 12:00 hs – Psicotraumatologia e Pedagogia de Emergência / 2 Oficinas
14:00 às 18:00 hs – Escola Como Local Seguro (Pedagogia do Trauma)
Cuidando dos Cuidadores
2 Oficinas
Plenária de Encerramento

Sábado – 09/março – Centro Educacional Jesus Peregrino, Paróquia de Pacaraima
Para equipes dos abrigos Janokoida e BV8
09:30 às 11:00 hs – Visita aos abrigos BV8 e Janokoida
14:00 às 18:00 hs – Psicotraumatologia e Pedagogia de Emergência / 2 Oficinas

 

Domingo – 10/março – Centro Educacional Jesus Peregrino, Paróquia de Pacaraima
Para equipes dos abrigos Janokoida e BV8
09:00 às 12:00 hs – Escola Como Local Seguro
Cuidando dos Cuidadores
2 Oficinas
14:00 às 15:30 hs – Plenária de Encerramento

Equipe de Pedagogos:

    • REINALDO NASCIMENTO
      Pedagogo e Educador Social
      Pioneiro na implementação da Pedagogia da Emergência
      Colaborador voluntário da FFHI
    • ANÁLIA CALMON
      Núcleo Aliança pela Infância em Carmo da Cachoeira (MG)
      Colaboradora voluntária da FFHI
    • GIOVANA SOUZA
      Integrante do Conselho Gestor da Aliança pela Infância (SP)
      Colaboradora voluntária da FFHI
    • ARIANE CASTRO
      Médica, especialista em Medicina de Família e Comunidade
      Médica da Associação Monte Azul
      Colaboradora voluntária da FFHI

Oficinas Oferecidas:
– Pedagogia de Vivências (jogos, ritmos e vivências em grupo)
– Contação de Histórias
– Aquarela e Desenho de Forma
– ABCD da Infância: A=Aprender, B=Brincar, C=Comer, D=Dormir
– Cuidar e Educar / Cuidando dos Cuidadores

APOIO:

Representantes das seguintes entidades, ativas em Roraima, estarão no evento:
– ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
– Unicef – Fundo Internacional de Emergência para a Infância das Nações Unidas
– Instituto Mahle
– Aliança pela Infância
– Pedagogia de Emergência
– O Bem Comum

SOBRE A PEDAGOGIA DE EMERGÊNCIA

Criada na Alemanha pela Associação Amigos da Arte de Educar Rudolf Steiner (Freunde der Erziehungskunst Rudolf Steiner) em 2006, faz intervenções de Pedagogia de Emergência em situações de crise em áreas de conflito e catástrofes naturais, com o objetivo de evitar, ou influenciar positivamente, o desenvolvimento de sequelas e distúrbios traumáticos em crianças e jovens. No Brasil, o grupo de Pedagogia de Emergência foi formado em 2012 e atua principalmente com educadores e professores de comunidades carentes. O grupo conta com nove integrantes, entre eles pedagogos do sistema Waldorf, de vivência, músicos, terapeutas e educadores sociais.

SOBRE A FRATERNIDADE – FEDERAÇÃO HUMANITÁRIA INTERNACIONAL:

Fundada em 1990 e sediada em Carmo da Cachoeira (MG), a Fraternidade é uma rede global de caráter filosófico, cultural, humanitário, ambiental e beneficente, com mais de 60 mil voluntários espalhados pelo  mundo que trabalham pela propagação da paz. Congrega 21 associações civis, nacionais e internacionais, com grupos coligados que atuam em 18 países. Entre suas principais atividades estão missões humanitárias em situações críticas em diversas regiões do mundo, com missões realizadas em países como Uruguai, Etiópia, Cone Sul, Turquia, Quênia, Congo e Nepal, além das missões no sertão do Brasil. As principais missões da Fraternidade em andamento ocorrem em Roraima desde 2016, e na Colombia desde junho 2019, ambas em apoio a  centenas de refugiados que chegam diariamente da Venezuela. As missões são realizadas pela FMHI – Missões Humanitárias Internacionais, divisão da FFHI. De ação independente e neutra, a Fraternidade atua sem vínculos políticos ou econômicos e é não-sectária, acolhendo todos os credos, culturas e religiões. Todas as atividades são financiadas por doações.

Na web:
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